segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Verdade e mitos sobre a Reposição Hídrica

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1146686-efeitos-de-bebidas-esportivas-sao-questionados-em-artigos-cientificos.shtml#anc6515685

A cada dia uma nova visão sobre antigo assunto, a "Reposição Hídrica" durante ou devido a atividades físicas. É certo que grande parte da polêmica criada visa ao estímulo do consumo das bebidas comercializadas como "isotônicos", já que o próprio debate já serve como uma propaganda subliminar.

Para um bom entendimento sobre o assunto, é interessante repassar alguns elementos de fisiologia do corpo humano e também da maneira da própria prática desportiva, em seus múltiplos aspectos. O mais importante e genérico conceito é que cerca de 60% do peso corporal consiste de água. Logo, um esportista com 70 quilos "possui" 42 litros de água. Desses, cerca de 20%, 8,4l estão "disponíveis" para uso imediato, não representando riscos vitais. Em uma atividade física de uma hora, considerando-se que a perda hidríca seja de UM litro (o que é um exagero), isso representa 10% do que tem-se para gastar. (Os números citados são aproximados). Esses são dados da fisiologia humana. 

Partindo-se desses dados, torna-se uma falácia a ideia de que é preciso consumir líquidos mesmo durante a atividade. Com o devido pedido antecipado de perdão pela grosseira comparação, o organismo humano não funciona como os belos e possantes carros de fórmula um. Não precisamos, durante uma prova parar no pit stop para trocar pneus, caso comece a chover. Não é preciso repor gasolina pelo consumo, o que é feito nos Rallies que conhecemos. Pode até parecer engraçada a grotesca analogia, mas o que parece é que tratam o assunto desta equivocada maneira. Em certos momentos, até enxergamos claramente as conveniências de assim fazer, o estimular o consumo dos tais "complementos" hídricos. 

Porém, tal assunto carece ser tratado com seriedade. Uma das nobres tarefas médicas, como formador de opinião, é o estímulo à prática desportiva. Não para formar atletas, mas para a prevenção de doenças e manutenção do bem estar. Tome-se a maior de todas as vilãs a serem enfrentadas: a obesidade. Dado que infelizmente não existem dietas milagrosas, a perda de peso fica quase que inteiramente por conta da atividade física. A primeira grande razão é que o ganho de peso fica primeiramente por conta do gasto insuficiente de energia. E em segundo, pela ingesta, geralmente excessiva.

Assim, alguém com sobrepeso prepara-se para a atividade física. Retornando aos números aproximados apresentados, a finalidade é a redução da massa corporal. Portanto, torna-se um contrassenso qualquer "reposição". Retomemos o exemplo: alguém com 90 quilos, cujo "peso ideal" deveria ser 70, possui 54 litros de líquido em seu corpo. Quando deveriam ser 42. Logo, está com 12 litros a mais de água no organismo. Somados aos 14 que dispõe para o consumo imediato, em seu peso "normal", são 26 litros de água que podem ser consumidos, sem alteração do funcionamento normal, em termos fisiológicos. Ao praticar uma atividade física, a corrida, por exemplo, tal indivíduo não apresenta condições físicas ideias. Logo, em uma hora ele jamais irá perder UM litro de líquido. Perdendo o exagero de meio litro, isso representa 0,4% de perda. Algo que não necessita de reposição, sob qualquer aspecto. 

Claro que em termos de atletas de elite mudam-se todos os parâmetros. E todas as competições, inclusive aquelas ditas "exageradas", criadas pela sociedade como formas de superação de barreiras. Não falamos aqui de uma corrida de uma ou duas horas, para atletas não competitivos.  Falamos de ultramaratonas de 175 quilômetros, do decatlon e outras tantas.  Nessas, os preparativos e as providências são outras. Que fogem à abordagem aqui pretendida. Mas que nunca passam pelo consumo de líquidos de reposição.